Réus confessos da morte do sargento Borges são absolvidos

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Itanhém – Após quase 10 horas de audiência, o júri popular, por maioria de votos, absolveu Wilson Borges São Leão e Durval de Jesus São Leão, réus confessos do homicídio do sargento da Polícia Militar Antônio Carlos Borges da Silva, de 52 anos, ocorrido no dia 30 de março de 2010. O julgamento, realizado no auditório do fórum Heloíno Moreira Lisboa, terminou por volta das 18h30 de quarta-feira (17).

Foram mobilizados 23 policiais e cinco viaturas para a segurança.

O advogado dos irmãos São Leão, Gean Prates, disse ao Jornal Alerta que usou a estratégia de, em nenhum momento, ofender o sargento nem seus familiares. “A mesma dor que a família de Borges estava passando naquele momento [no júri] a Família São Leão sentiu quando mataram o patriarca deles”, argumentou o advogado. A maioria do júri, formada por sete mulheres, acatou os argumentos e absolveu o réu.

Na saída do fórum, familiares e alguns amigos comemoraram o resultado cumprimentando com abraços os dois acusados. No mesmo instante alguns fogos de artifício foram ouvidos nas proximidades, mas não se sabe ao certo, se o motivo da comemoração era a absolvição dos réus.

Ao todo, 23 homens e cinco viaturas da Companhia Independente de Polícia Especializada Mata Atlântica e da 44ª Companhia Independente da Polícia Militar de Medeiros Neto foram mobilizados para manter a segurança. Policiais que estavam no local não informaram se havia risco de represália contra as Famílias Borges e São Leão.

O juiz da comarca de Itanhém, Ricardo Costa e Silva, que presidiu o júri, havia, inicialmente, anunciado que o julgamento seria realizado no Ginásio de Esportes da cidade, depois transferiu para o auditório do fórum. A reportagem não conseguiu falar com o magistrado sobre este assunto. Ele limitou o número de pessoas no auditório e impediu que a imprensa produzisse imagens do tribunal de júri. Mesmo assim, o Jornal Alerta conseguiu uma foto no momento em que o promotor Anselmo Lima Pereira se pronunciava, na qual aparece os réus de costas para a plateia, o advogado de defesa, Gean Prates, o juiz Ricardo Costa e Silva e os jurados.

Familiares do sargento Borges vieram de Juazeiro, que fica no Vale do São Francisco, no Norte da Bahia, acompanhar o julgamento. Dois filhos dele e a mulher, a educadora Vilma Borges, e outros três parentes estavam vestidos uma camiseta em que aparece, na frente, a foto do sargento com a inscrição “Borges, saudades eternas”. Nas costas da camiseta um verso da poesia “Saudade”, do chileno Pablo Neruda: “Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não viver o futuro que nos convida…” e o acréscimo da expressão popular “mas permanecerá vivo em nossos corações”. Por Edelvânio Pinheiro.