Mercado informal cresce em Teixeira de Freitas: camelôs tomam ruas e praças

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Teixeira de Freitas – Não é preciso andar muito para perceber quão forte é a presença do mercado informal em Teixeira de Freitas, sobretudo pelo número de barracas, camelôs e ambulantes que comercializam, nas calçadas das principais vias da cidade, os mais variados produtos. A situação gera ônus não apenas aos transeuntes, mas, também, aos próprios comerciantes, que reclamam a criação de um local específico e estratégico para exercício de sua atividade.

É possível encontrar camelôs em todas as calçadas das ruas centrais de Teixeira de Freitas.

Até mesmo a Praça da Bíblia, como é conhecida, onde se localiza o terminal rodoviário, vem se transformando numa feira-livre. Inicialmente, fora construído no local uma praça de alimentação, contudo, em visita ao local nesta terça-feira (17), o que se encontrou foi o comércio de produtos como roupas, calçados, CDs e DVDs, biscoitos, artigos eletrônicos e de cama, mesa e banho, e até um estande com motocicletas.

“A gente até entende que todos têm o direito de trabalhar, mas não dá para permitir que esse trabalho aconteça de qualquer jeito. A praça pública foi criada para o lazer, mas quem é que vai frequentar com ela desse jeito? Não sou contra quem é camelô ou tem sua barraca, mas não concordo com essa desorganização, que também prejudica porque eles nem pagam impostos”, disse Júlio Miranda, morador da cidade, que também citou como um problema a falta de espaço para a circulação, devido às calçadas ocupadas com as barracas.

Do outro lado da história, contudo, uma breve pesquisa feita entre os ambulantes mostra o retrato de uma cidade com empregos diminutos para faixa etária a partir dos 40 anos, tanto para mulheres, como para homens, haja vista que uma das justificativas utilizadas pelos comerciantes para o exercício de sua atividade foi, exatamente, o desemprego.

“Eu não posso ficar sem trabalhar, não tenho marido, e também não arrumo mais emprego que atenda ao que eu preciso, porque já trabalhei durante muito tempo como serviços gerais, mas hoje eu não tenho mais saúde para isso e também não encontro outro tipo de serviço. O jeito é você fazer o que sabe e arrumar outro jeito para conseguir se sustentar”, disse Maria Ilza Batista, 58 anos, vendedora de biscoitos.

Entre os próprios camelôs existe certo consenso de que a desorganização acaba por atrapalhar a cidade, mas, são unânimes ao afirmar que não podem ser tolhidos de trabalhar, já que, por diversas razões, foram impelidos ao comércio informal. “Se eles [leia-se a Prefeitura] vierem aqui e dizer que vai legalizar [sic], que vai arrumar um lugar pra gente ficar, por mim não tem problema, eu só não vou é ficar sem trabalhar”, disse Epaminondas Elias, conhecido como Pirata.

Segundo ele, em outras ocasiões, os camelôs já foram expulsos das ruas e calçadas, sob a promessa de que seriam alocados noutro lugar, contudo, a localização escolhida foi, de acordo com suas informações, impróprias para a atividade. “Eles vêm, dizem que vão arrumar um outro lugar, mas o que adianta colocar a gente num lugar morto? Onde não passa gente? Camelô vive é de movimento, ninguém que está aqui na rodoviária vai lá pra Praça dos Leões ou pra perto da Embasa pra comprar nada em barraca, então não adianta colocar a gente em lugar como esses [sic] porque a gente volta pra cá”, reclamou Pirata.

Informações fornecidas por alguns camelôs entrevistados indicam que já foram feitas promessas e estudos para construção de um camelódromo, mas nada que tenha saído do papel. Nossa reportagem procurou o atual secretário de Indústria e Comércio, Antônio Silva Rebouças Bodero, para comentar o assunto, o qual nos afirmou que o secretário de Segurança Pública, Clóvis Guerra, já teria planejamento para a resolução do problema dos camelôs, haja vista que o mesmo está envolvido, também, com o projeto de reorganização do mercado municipal. Embora tenhamos entrado em contato com Clóvis Guerra, via telefone, o mesmo afirmou que já teria um planejamento, no entanto, nada oficial, que pudesse ser divulgado, posto que inda não o apresentara ao chefe do Executivo Municipal, padre Apparecido Staut. Por Raíssa Félix / Jornal Alerta.