Um mistério ronda o desaparecimento de quatro jovens em Teixeira e Medeiros Neto desde 2009

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Na época o delegado-coordenador abriu procedimentos para investigar os casos, mas pouco foi feito

Teixeira de Freitas – Dado o tempo necessário para o retorno dos desaparecidos, o delegado coordenador Nélis Araújo avocou na terça-feira, 27 de janeiro, os procedimentos abertos pelo delegado de Medeiros Neto, Gean Carlos Nascimento, assim como os dos plantonistas da 8.ª Coorpin, que envolvem os casos das quatro pessoas que estão desaparecidas, uma em Teixeira de Freitas e três em Medeiros Neto.

O primeiro caso de desaparecimento foi registrado na Delegacia de Polícia de Teixeira de Freitas: do menor Diego Dutra Ramos, de 17 anos, natural de Teixeira de Freitas, que morava com a avó, a senhora Eliete Dutra Ramos, no bairro São Lourenço.

Segundo relatos de dona Eliete, seu neto desapareceu no dia 6 de janeiro, às 21 horas, quando uma guarnição da Polícia Militar o abordou na Rua Mauá (zona de baixo meretrício localizada no centro de Teixeira de Freitas) e o colocou no fundo da viatura Meriva, tendo sido, segundo ela, acionada a Ranger da Polícia, que levou a bicicleta do menor na carroceria. “No outro dia cedo, vim à Delegacia, pois haviam me dito que levaram ele para lá, mas  não havia ninguém lá. Procurei alguns policiais militares, mas eles disseram que meu neto não estava desaparecido. Registrei queixa no dia 7 de janeiro, mas até agora não tenho notícia dele, pois se estivesse vivo já teria telefonado para mim”, emocionou-se a avó.

De acordo ao delegado-coordenador Nélis Araújo, à época, os procedimentos foram abertos; caso haja envolvimento de policiais, também deverá ser aberto pelo comando do 13.º Batalhão de Polícia, na pessoa do coronel Castro, um inquérito policial militar, para apurar as possíveis denúncias da avó do menor. Ela ainda relata que há um sargento na corporação que não gostava de seu neto, o qual lhe deu uma surra, deixando o menor muito machucado.

Medeiros Neto

Na noite de 16 de janeiro, em que mataram Edenilton Batista de Jesus, vulgo “Cabeça”, de 31 anos, desapareceram três pessoas: o menor Robson Ferreira dos Santos, de 17 anos, natural de Itamaraju e residente na fazenda Matias, no Córrego do Salomão, em Itanhém; Sílvio Dionísio, o “Silvinho”, de 22 anos, morador na Rua Nigéria, s/n.º, no bairro Uldurico Pinto; e Elisângela de Oliveira Silva Aguis, de 26 anos, também moradora no bairro Uldurico Pinto, em Medeiros Neto.

Segundo narrativa dos familiares, os três estiveram em companhia do “Cabeça” numa seresta no “bar do Sérgio”, que fica na Balança dos Fazendeiros. Depois disso, “Cabeça” foi encontrado morto com um tiro de escopeta na nuca e com as mãos amarradas para trás com a própria camisa. Na noite em que os três desapareceram, também sumiu o veículo Gol locado de “Nô da Sanfona”, de placa JRP-6704.

O Gol foi localizado a cerca de 200 metros da rodovia BR-101, numa estrada vicinal que liga o Assentamento Rosinha do Prado à cidade de Prado.

De acordo Ao proprietário do carro, o veículo tinha um adesivo de uma empresa de Medeiros Neto. Um vizinho, ao perceber o carro abandonado, acionou a empresa, que, por sua vez, comunicou ao “Nô” onde estava o veículo.

Policiais da 8.ª Coorpin, em companhia dos peritos do Departamento de Polícia Técnica, foram ao local e removeram o carro para o pátio da Delegacia em Teixeira de Freitas, onde passou por uma minuciosa perícia para identificar possíveis pistas dos desaparecidos, até mesmo dos envolvidos no desaparecimento dos três jovens.

Acredita-se que o carro tenha sido abandonado na estrada de Prado para tentar apagar as pistas deixadas em Medeiros Neto.

 O certo é que Robson, Silvinho, Elisângela e Diego Dutra Ramos estão desaparecidos até hoje.

Três anos depois

A polícia ainda não dispõe de pistas que possam levar a elucidação do caso desses três jovens desaparecidos na mesma noite em que executaram “Cabeça”. Segundo o delegado titular de Medeiros Neto, Kleber Eduardo Gonçalves, quando ele assumiu a Delegacia já havia um inquérito em aberto feito pelo delegado anterior que chegou a ser remetido à Justiça com suspeita de que havia envolvimento de policiais no desaparecimento dos jovens, mas, o Ministério Público mandou devolver para novas diligências, pois não havia materialidade para indiciar ninguém, fato que continua até hoje sem solução.

Se na época ouvimos de um dos investigadores do caso que: “Numa altura dessas, possivelmente as três pessoas já foram executadas”, não será agora, três anos depois, que o caso será solucionado – disse um amigo da família que pede para não ter o nome citado.