Corpo de Bombeiros realiza curso para resgate e salvamento de vítimas de afogamento

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Teixeira de Freitas – O 3.° pelotão, do 6.° Grupamento de Bombeiros, completará 6 anos de instalação em Teixeira de Freitas em 2012, e é responsável, além da cidade, por outros 13 municípios circunvizinhos. A unidade, que contava com apenas um mergulhador, com o objetivo de melhor prestar o serviço à sociedade, iniciou no último dia 9 um curso de resgate e salvamento de vítimas de afogamento.

Conforme conta o comandante da unidade, subtenente Raimundo Rodrigues de Oliveira, o Corpo de Bombeiros instalou-se de forma provisória, e acabou ficando permanentemente na cidade. Mas, o que se nota, é que, a instalação “provisória” resultou na precariedade das condições de trabalho e falta de estrutura da instituição, embora imprescindível para a comunidade.

O Corpo de Bombeiros funciona em sala anexa à Polícia Rodoviária Estadual, não possui garagem, tem alojamentos precários, efetivo reduzido, o que, entretanto, não tem sido motivos para desmotivação do efetivo: “Quando a sociedade clama, nós temos que estar prontos para responder, pois sabemos da confiança que depositam em nossa instituição, e, por isso, buscamos, dentro das nossas condições, prestar o melhor serviço, melhorar nossa técnica, para que nossos êxitos sejam crescentes – e nunca deixar as dificuldades nos desmotivarem”.

Exatamente por essa preocupação, em atender aos anseios e necessidades da sociedade, o subtenente afirmou que foi observado a grande quantidade de afogamentos na região – apenas no verão 2011/2012, em 45 dias, ocorreram 11 ocorrências de afogamento, com 8 vítimas fatais – sendo que mais de 60 ocorrências já foram registradas.

“Nós não tínhamos uma equipe com mergulhadores autônomos para, quando houvesse acidentes de afogamento, fazer as buscas – e, quando isso acontecia – tinha-se que solicitar a vinda de uma equipe de mergulhadores de Porto Seguro para fazer as buscas na região. Os números demonstram que a necessidade dessa formação era muito grande, aí houve uma parceria com o comandante de Porto Seguro, com o comandante-geral, empresários locais e prefeituras de Alcobaça e Caravelas, e conseguimos montar o curso aqui em Teixeira, para formar mergulhadores de resgate”, afirmou o comandante do 3.° pelotão.

Ele destacou que o curso de resgate e salvamento de vítimas de afogamento só foi possível graças ao comprometimento e esforço do comandante local, do comandante do grupamento, tenente-coronel Braga Neto, e sociedade civil. “A sociedade se manifestou, se envolveu nesse projeto, porque a situação era caótica. Se você perde um ente querido em uma praia, ou em um rio, você quer ter o direito de dar o último adeus, dar um abraço, e o Corpo de Bombeiros ficava numa situação difícil, sem poder dar uma resposta imediata, por ter que esperar a vinda dos especialistas de Porto Seguro, e aí era veiculado, muitas vezes, que o Bombeiro não foi, mas ninguém entendia a situação da nossa falta de estrutura ainda, efetivo reduzido, o curso, graças a Deus, está em andamento e a gente vai concluir e melhorar essa realidade”, ressaltou.

Segundo o comandante, a ajuda cedida por empresas privadas e poder público municipal, no deslocamento, alimentação, hospedagem, equipamentos, foram imprescindíveis para a aplicação do curso, que finalizará no dia 21, com um mergulho em Abrolhos, e tem suas atividades realizadas em piscinas, rio e mar, em diversas localidades da região.

“O curso é de fundamental importância, ele tinha que acontecer, todo o verão era a mesma situação, com muitas vítimas de afogamento – nós não desejamos, mas temos que estar preparados para as situações adversas, infelizmente, vão acontecer mais afogamentos com vítimas fatais no decorrer do tempo e nós já vamos estar preparados para tirar a aflição naquele momento”, disse o subtenente, o qual citou pontos críticos para afogamento na cidade, como no rio Alcobaça e Itanhém, a chamada “Prainha”, barraca Amor & Cana. “O Estado tinha que dar uma resposta, e, além desse curso, este ano nós trabalhamos com uma campanha informativa, educativa, para as pessoas respeitarem seus limites, para que não adentrassem na água após ingerir bebida alcoólica ou se alimentar, não ir a locais fundos, respeitar o limite da água no umbigo; essa campanha conseguiu evitar que no carnaval nós não tivéssemos vítimas de afogamento”.

O comandante contou que, devido ao alto nível de dificuldade dos exercícios, dos 9 policiais que iniciaram o curso, apenas 5 permanecem nas instruções, e explicou que a evasão se deu pelo alto rigor, alguns chegam a exaustão, ou não têm o psicológico devidamente preparado, sofrem algum lesão, ou não conseguem acompanhar as ações simuladas. Atualmente, permanecem o sargento Jamildo e os soldados Kalvin e Jhonny, do 3.° pelotão, e os soldados Lima e Pedro, da Caema. Os treinamentos foram ministrados pelos instrutores sargento Batista e sargento Martins, e pelo monitor cabo Josuíldo.

Conforme afirmou o sargento Batista, o curso é feito em várias etapas, primeiro de adaptação ao meio e aos equipamentos, de conhecimento das práticas para salvamento e resgate, reconhecimento das possíveis áreas de atuação – que, na região, é geralmente de visibilidade zero –, resistência física, para que as simulações sejam o mais próximo possível das situações e adversidades a serem enfrentadas. “O mergulhador está exposto a vários riscos, e, por isso, tem que estar devidamente preparado, bem treinado, pois, para que sua função seja bem executada, exitosa, além do domínio das técnicas e equipamentos, é de fundamental importância que ele haja com domínio e equilíbrio psicológico”, destacou o instrutor. “Certamente a sociedade só tem a ganhar a partir de agora, quando, mais uma vez, o Corpo de Bombeiros se aprimora para garantir seu bem-estar”. Por Raíssa Félix / Jornal Alerta.