A terra é nova

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Informam os astrônomos, entre eles, Carl Sagan, que o Universo se formou há 15 bilhões de anos, no que se convencionou chamar O Big Bang (A Grande Explosão). De acordo com esta teoria a Terra, nosso planeta, teria apenas 4.500.000.000 (Quatro bilhões e meio) de anos, o que contraria a orientação da Bíblia, segunda a qual a terra teria apenas 4.004. Admite-se, entretanto, de acordo com alguns estudos e pesquisas, que o Dilúvio tenha ocorrido há 432.000 anos, ou cerca de cem vezes maior que a cronologia do Antigo Testamento. Tais dados foram encontrados em papiros da antiga Biblioteca de Alexandria, nos estudos formulados por um sacerdote babilônio chamado Berosus. Sabiam eles que o mundo é muito antigo, porém a humanidade é nova. Para T. H. Huxley apenas o finito é conhecido, enquanto que o infinito é desconhecido. Por isso todos reivindicam um pouco mais da Terra. No Livro de Jô pergunta-se: “Porventura compreenderam a expansão da Terra? Onde é o caminho da morada da luz? E onde é o local da escuridão?” Que a humanidade é nova, não se duvida. Vide o Brasil com apenas 500 anos de vida. Que são 500 anos em relação ao Universo? Representa um fragmento de tempo ínfimo. A civilização começou a se desenvolver tem pouco menos de cem anos. Os avanços tecnológicos recentes provam tal assertiva. Charles Darwin, juntamente com Alfred Wallace procuraram distinguir as ciências biológicas das ciências físicas. Ainda hoje é uma teoria aceita, com algumas restrições. Em a Origem das Espécies, seu livro mais famoso, somente os mais fortes são  capacitados para sobreviver. É o que ele chamou de seleção natural. As páginas Amarelas da Veja, desta semana, mostra entrevista do renomado Professor americano, Daniel Everett sobre um assunto envolvente e muito interessante, que leva, com muita similitude, aos estudos de Darwin. Ali o Professor fala sobre a linguagem dos seres humanos, isto é, a capacidade de falar, trocar idéias, racionar, fato único entre todos os demais seres terrestres. Para ele a linguagem é um artefato criado e moldado na cultura, pela cognição e pelo instinto de comunicar dos seres humanos. E que a humanidade somente se encontra no estágio atual, em decorrência da evolução da linguagem. É sabido que os primatas não se comunicavam pela fala. Emitiam sons guturais. Com o tempo, a evolução os levou, não só pela necessidade, mas por caminhos normais, para comunicação e sobrevivência. Os primitivos australopithecus robustus, (3.500.000 de anos), australopithecus africanus, homo habilis, homo erectus e o homo sapiens, não usavam a fala como meio de comunicação. O Professor Daniel Everett fala sobre a teoria gramatical formulada por Noam Chomsky, onde se afirma que a gramática e a linguagem são próprias do ser humano, ou seja, que ele já nasce com tal tendência, que é programada no cérebro. Com ela o Professor não concorda e até a considera ridícula. Quando perguntado qual a influência encontrada no português falado no Brasil, disse ele, que o brasileiro utiliza em demasia a palavra “jeito”, que não possui correspondente em inglês. Ele viveu algum tempo como missionário no Amazonas com os índios piraãs. Diz que por cinco anos tentou pregar a Bíblia para os índios. Mas começou a duvidar do significado bíblico ao dialogar com os índios, que um dia o perguntou: “Você viu Jesus?” Tendo respondido que não, voltou a insistir: “Você nunca viu esse Jesus e fala sobre ele?”. Foi ai que deixou de ser missionário, virou ateu, perdeu a esposa e os filhos, que somente o aceitariam se voltasse a acreditar em Deus. Intolerância é isso ai! Teixeira de Freitas, 14 de março de 2012. *Ary Moreira Lisboa é advogado e escritor.